Na gravidez as alterações do metabolismo glicídico são notáveis devido a dois fatores principais:
- outra “estrutura” foi agregada ao organismo materno, o feto, consumidor de energia e que, portanto, requer glicose para o seu crescimento. Assim, a mãe vê-se submetida a uma permanente demanda de glicose;
- a fim de prover glicose ininterruptamente ao feto, o organismo materno faz ajustes importantes: à medida que a gravidez avança, há uma diminuição na utilização de glicose pela mãe, graças à produção pela placenta de hormônios que causam resistência insulínica – hormônio lactogênico placentário (hPL), estrógeno, progesterona, cortisol.
Dessa forma, as células respondem menos à insulina, a glicose não entra nas células e fica circulante no sangue materno, resultando em hiperglicemia. Mas esse evento é normal e importante para o desenvolvimento do feto. O problema é quando a resistência à insulina se torna exacerbada: a glicemia atinge valores altíssimos, caracterizando o Diabetes Melito Gestacional (DMG).
A glicose atravessa a placenta por difusão facilitada (já que a concentração de glicose na mãe é maior do que no feto), catalisada pela permease transportadora de glicose GLUT 1; a insulina materna, porém, não alcança o feto em quantidades significativas. Dessa maneira, a insulina fetal ocupa papel importante no metabolismo do concepto, sendo rastreada em seu organismo a partir da 12ª semana de gravidez.
Quando o bebê nasce, o pâncreas continua produzindo insulina no mesmo ritmo em que produzia durante a gestação. Se a mãe apresentar DMG, o bebê produz muita insulina, para não ficar hiperglicêmico e, quando nasce, o seu organismo não sabe disso. Assim, o bebê continua produzindo muita insulina, mas agora tem menos glicose circulante; esse desequilíbrio acarreta hipoglicemia, que, se mantida por muito tempo, pode acarretar danos ao sistema nervoso. Quando ocorre hipoglicemia neonatal, o recém-nascido fica na UTI por alguns dias recebendo soro com glicose, em concentrações que diminuem gradativamente, para o organismo perceber que não precisa mais produzir tanta insulina.
Até a próxima!
Referências bibliográficas:
http://www.diabetes.org/
http://www.portaldiabetes.com.br/images/artigos/diabetes_gestacional_maior2.gif
http://www.medcenter.com.br/Medscape/content.aspx?bpid=12&id=1327
Obstetrícia Fundamental – Jorge de Rezende; Carlos A. B. Montenegro - 4ª edição
postado por Ana Gabriela Gewehr Vale
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