terça-feira, 1 de novembro de 2011

Metabolismo glicídico na gravidez

Na gravidez as alterações do metabolismo glicídico são notáveis devido a dois fatores principais:

- outra “estrutura” foi agregada ao organismo materno, o feto, consumidor de energia e que, portanto, requer glicose para o seu crescimento. Assim, a mãe vê-se submetida a uma permanente demanda de glicose;

- a fim de prover glicose ininterruptamente ao feto, o organismo materno faz ajustes importantes: à medida que a gravidez avança, há uma diminuição na utilização de glicose pela mãe, graças à produção pela placenta de hormônios que causam resistência insulínica – hormônio lactogênico placentário (hPL), estrógeno, progesterona, cortisol.



Dessa forma, as células respondem menos à insulina, a glicose não entra nas células e fica circulante no sangue materno, resultando em hiperglicemia. Mas esse evento é normal e importante para o desenvolvimento do feto. O problema é quando a resistência à insulina se torna exacerbada: a glicemia atinge valores altíssimos, caracterizando o Diabetes Melito Gestacional (DMG).

A glicose atravessa a placenta por difusão facilitada (já que a concentração de glicose na mãe é maior do que no feto), catalisada pela permease transportadora de glicose GLUT 1; a insulina materna, porém, não alcança o feto em quantidades significativas. Dessa maneira, a insulina fetal ocupa papel importante no metabolismo do concepto, sendo rastreada em seu organismo a partir da 12ª semana de gravidez.



Quando o bebê nasce, o pâncreas continua produzindo insulina no mesmo ritmo em que produzia durante a gestação. Se a mãe apresentar DMG, o bebê produz muita insulina, para não ficar hiperglicêmico e, quando nasce, o seu organismo não sabe disso. Assim, o bebê continua produzindo muita insulina, mas agora tem menos glicose circulante; esse desequilíbrio acarreta hipoglicemia, que, se mantida por muito tempo, pode acarretar danos ao sistema nervoso. Quando ocorre hipoglicemia neonatal, o recém-nascido fica na UTI por alguns dias recebendo soro com glicose, em concentrações que diminuem gradativamente, para o organismo perceber que não precisa mais produzir tanta insulina.

Até a próxima!


Referências bibliográficas:

http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=473726&indexSearch=ID

http://www.diabetes.org/

http://www.portaldiabetes.com.br/images/artigos/diabetes_gestacional_maior2.gif

http://www.medcenter.com.br/Medscape/content.aspx?bpid=12&id=1327

Obstetrícia Fundamental – Jorge de Rezende; Carlos A. B. Montenegro - 4ª edição


postado por Ana Gabriela Gewehr Vale

Nenhum comentário:

Postar um comentário